VISTA DAS MUSAS NO TRÓPICO

“Vista das musas no trópico”, de Leda Tenório da Motta, enfoca a questão dos paradigmas da crítica literária brasileira. Mais de trinta anos depois que a corrente dos assim chamados intérpretes do Brasil alvejou um poema de Augusto de Campos intitulado “pós-tudo”, argumentando que experimentalismos vanguardistas não faziam sentido na periferia do capitalismo, o desenrolar dos acontecimentos parece ter desarmado toda essa bela briga. Não se trata apenas da globalização, das novas mídias e da vida em rede. A crescente desconfiança filosófica de que as artes não nascem nunca neste ou naquele lugar mas recomeçam a cada volta em toda parte. Confirma assim um parti pris assumido quando ainda era perigoso, por atentar contra o habitus mental. Insiste também no valor escritural da crítica, até porque os críticos formalistas de que aqui se trata não pertenceram e não pertencem às cátedras do estado, como os seus antagonistas, mas à seara da poesia.